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O Brasil registrou, no dia 11, um terremoto de magnitude 4,3 em Taipu, litoral do Rio Grande do Norte, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (Obsis-UnB). O abalo foi sentido por algumas cidades do Nordeste, contudo não há relatos de danos ou feridos.
Diante dos recentes fatos, alguém pode arguir se corremos o risco de vivenciar tragédia causada por forte tremor de terra.
Em reportagem da BBC Brasil em Londres, assinada por Maria Luisa Cavalcanti, o chefe do Obsis-UnB, George Sand França, aponta que “a hipótese de um terremoto de consequências graves no Brasil é muito rara, mas não pode ser descartada”. Na entrevista, “França enumera uma série de fatores que poderiam influenciar no resultado de um tremor em território brasileiro, como o aumento da densidade populacional, a falta de estruturas resistentes a abalos e comparações com catástrofes ocorridas em locais com características geológicas semelhantes. (...) Desde o início das primeiras medições instrumentais, no início da década de 50, o tremor mais forte já registrado no Brasil atingiu 6,2 graus e ocorreu em 1955 em Porto dos Gaúchos/MT. ‘Hoje, a concentração demográfica da região é muito maior, então dá para se imaginar o que pode acontecer se houver um terremoto igual novamente’, afirmou França. (...). Já para o britânico Julian Bommer, professor de avaliação de risco de terremotos da Imperial College, de Londres, a frequência e a intensidade dos tremores no Brasil não justificam um investimento em estruturas específicas para resistir a abalos. ‘É melhor gastar com a proteção a incidentes mais comuns e urgentes no país, como a violência e as inundações’, afirmou ele à BBC Brasil. ‘Apenas para estruturas mais críticas, como barragens e usinas nucleares, deveria se investir em construções antissísmicas.’ Bommer, no entanto, endossa a ideia de que, apesar de ser uma possibilidade muito pequena, o Brasil pode estar sujeito a um terremoto de consequências graves”.
O FUTURO DE GAIA
O momento convida a uma profunda reflexão sobre o grau de influência com que nós, Humanidade, temos contribuído para o recrudescimento desses tristes fatos por que passa o orbe: secas; enchentes; deslizamentos; camada de ozônio ferida; as 271 ultrapassagens do padrão aceitável da qualidade do ar para a saúde, provocadas pelo ozônio em 2009, em São Paulo, um acréscimo de 34% em relação a 2008, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Sem contar a falta de prioridade, no caso do Brasil, em construções à prova de sismos. A respeito desse último item, entende-se, porquanto por aqui nada tivemos de verdadeiramente assombroso.
Meditar e agir em prol da melhoria do planeta não é mais bandeira de alguns idealistas; é plano de salvação de nossa morada coletiva. O futuro de Gaia nunca esteve tão dependente de nossa atitude.
MEMÓRIAS
O veterano jornalista Sebastião Nery, um dos mais respeitados da atualidade, lançou, com grande prestígio, o livro A Nuvem – O que ficou do que passou – 50 anos de História do Brasil.
Em entrevista à Super Rede Boa Vontade de Rádio, Nery comentou a obra: “Em 15 livros, contei a história dos outros. Agora, achei que era a hora de continuar contando a história dos outros, mas a partir de mim. É um depoimento de todas as coisas que vi, de Getúlio a Lula. É um relato sobre a vida política do Brasil destes cinquenta e tantos anos e, sobretudo, a minha vida profissional de jornalista, porque há cinquenta e cinco anos escrevo em jornais todos os dias”.
Minha amizade com Sebastião Nery é antiga. Conhecemo-nos desde que eu era muito novo, conforme ele próprio lembra: “Quando cheguei ao Rio de Janeiro, trabalhava na TV Globo, mas também na Rádio Mundial, onde imperava o nosso saudoso e sábio, era um homem sábio, Alziro Zarur. Lá conheci o nosso Paiva Netto, que é mais novo do que eu; éramos muito jovens, mas já era a pessoa da absoluta confiança do Alziro Zarur, era o sucessor. Tanto era, que brincava com ele, dizendo: Ei, sucessor! Porque ele era realmente uma pessoa muito bem dotada, como provou depois, com uma visão muito clara do Cristianismo. (...) E a minha admiração por ele vem sobretudo daí; ele não deixou a peteca cair. Pegou uma grande Obra e ampliou-a e tornou a Legião da Boa Vontade esta coisa fantástica”.
O autor, como sempre generoso, enviou-me um exemplar de seu novo trabalho, com a seguinte mensagem: “Meu irmão, que honra assinar este livro para você! A amizade do Sebastião Nery. Rio, 2009”.
Grato, Nery, por sua bondade.
José de Paiva Netto — Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com